Colóquio Internacional no Porto

No âmbito da parceria de investigação entre o IAU.USP e a FAUP sobre “Arquitetura, Desenho e Representação: metodologias de desenho no ensino de projeto” realizou-se no primeiro semestre  de 2013, um colóquio no Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos – Universidade de São Paulo e uma oficina de projeto em Ouro Preto – MG, na qual participaram estudantes desta faculdade e professores de ambas as faculdades.

Esta iniciativa fés farte de uma programação geral na qual se previa, também, a realização desta experiência com os estudantes da FAUP e com professores de ambas as faculdades.

Pretendeu-se abrir espaço para a discussão das práticas do Desenho, entendido no seu sentido amplo, no campo da Arquitetura e da Cidade.

A investigação teve como objetivo contribuir para tornar claras as diferenças processuais e metodológicas entre Desenho como ferramenta de pesquisa na elaboração do projeto de arquitetura e construção da obra, e desenho como espetacularização da imagem para divulgação, promoção e comercialização da obra acabada.

A reflexão sobre metodologias de Desenho no ensino de Projeto contribuiu, também, para a objetivação e o enriquecimento dos conteúdos programáticos de práticas pedagógicas de cursos especializados e de pós-graduação existentes ou a serem criados.

FAUP

O modelo pedagógico do ensino de Projeto na FAUP tem se mantido assomadamente teórico/prático. Procura-se estabelecer pontos de equilíbrio, de adequação e de coerência entre discursos teóricos e as práticas de projeto.

Ao longo do processo de ensino/aprendizagem, os professores tanto valorizam a componente teórica e conceitual, como enunciam todo um conjunto de questões práticas, técnico construtivas e programática durante o acompanhamento do trabalho do aluno.

Procura-se descobrir, caso a caso, os percursos de articulação e equilíbrio entre discursos predominantemente funcionalizas e tecnocráticos com outros, predominantemente abstratos, conceituais, imagéticos, atópicos. Pretende-se que o aluno desenvolva a capacidade de usar o desenho como ferramenta para avaliar conceitos, construir e eleger a forma com que materializará as ideias de Arquitetura.

De um modo geral, mais do que optar-se entre opostos, pensa-se, trabalha-se na distância entre eles.

O triângulo de Vitrúvio continua presente. Não apenas pelo seu significado histórico, mas também pelo seu sentido operativo nas práticas contemporâneas. Assim, a distância entre tradição e modernidade é entendida como a permanente reconstrução da ponte existente entre ambas e não como uma simples opção dicotômica, tao apreciada pelo marketing midiático e cultural.

Neste processo o arquiteto elege o Desenho como ferramenta de trabalho – desde o lápis na folha de papel até a maquete, ao plasma. A mão que desenha, inicia um processo distinto do da mão que pressiona a tecla, mesmo que seja a mesma cabeça a comandar.

Pour conclure et dans la mesure où, aujourd’hui, lés retrouvailles dês étudiants en architecture avec “la réalité rugueuse” sont deveneus une urgence, aucun instrument ne me paraît mieux approprié à cette fin que le dessin qui, par l’entremise du corps, dans le jeu de la main et du crayon sur le papier, nous ouvre l’accès au monde concret.
Françoise Choay, in Le De re aedificatoria et l’institutionnalisation de la societé, Publication de l’Université de Saint-Étienne, 2006.