Oficina Internacional: PROJETAR NA CIDADE CONSOLIDADA

Intervenção num lote da Alameda do Campo dos Mártires da Pátria, Porto | FAUP | Set 2013

A parcela escolhida para a intervenção localiza-se numa área central da cidade do Porto, denominada Cordoaria. Dela fazem parte alguma das obras mais relevantes da Arquitetura Setecentista e Oitocentista da cidade, tais como o Hospital de Santo António do arquiteto John Carr (1723-1807), a Torre dos Clérigos de Nicolau Nasoni (1691-1773), a antiga Cadeia da Relação, projeto de Eduardo Souto de Moura e Humberto Vieira, a Reitoria da Universidade do Porto, projeto de Carlos Amarante (1748-1815) e o próprio Jardim de João Chagas, popularmente denominado por Jardim Cordoaria, projeto inicial do paisagista Émile David (1839-1873), tendo sido objeto de intervenção no âmbito da PORTO 2001 – Capital Européia da Cultura, com projeto dos paisagistas João Nunes e Carlos Ribas.

A parcela, de formato retangular, tem uma frente com cerca de 17 metros para a Rua do Campo dos Mártires da Pátria e uma frente de 22 metros para a Rua Azevedo de Albuquerque. A profundidade do lote que separa as duas referidas frentes é de cerca de 57 metros. Existe uma diferença de cotas de aproximadamente 17 metros entre as ruas já mencionadas, sendo a Rua do Campo dos Mártires da Pátria a que se localiza à cota mais elevada.

O quarteirão onde se insere este lote, constituído por edifícios de habitação burguesa do século XVIII e XIX sofreu, naturalmente, ao longo da história significativas transformações, uma das quais corresponde à construção do Palácio da Justiça – 1958, período do Estado Novo, projeto de R. Rodrigues Lima (1909-1980).

Tratando-se de uma área com significativa atração turística, com vida noturna animada e com instituições universitárias (públicas e privadas), foi proposto para ser desenvolvido um programa de Hostel ao qual se poderão associar/articular áreas destinadas a atividades culturais (exposições, música, artesanato, ateliers, etc) nos pisos térreos.

Com o objetivo do programa não condicionar excessivamente a proposta arquitetônica, foi apresentada a quantificação dos seus diversos componentes em termos percentuais, sempre que possível. Apenas como referência orientadora e considerando as condições de integração patrimonial das novas construções, que não deveriam ultrapassar os limites das edificações vizinhas Oitocentistas, preexistentes, as frentes do lote e as profundidades regulamentares das edificações propostas, poderia-se admitir qua facilmente se poderia propor um Hostel com um mínimo de 50 quartos.

A localização do lote e o fato de comunicar com duas ruas e ser dotado de um programa de hotelaria, restauração, áreas lúdico-culturais e algum pequeno comércio, potencializou a criação de “percursos de atravessamento” e instalação de meios mecânicos que facilitem vencer o desnível.