Projetos

Ambientes e aglomerados urbanos criativos

Responsável: Prof. Dr. Ruy Sardinha Lopes  

Eixo de pesquisa: Economia política da cultura, da arte e do espaço urbano

Cada vez mais a paisagem urbana vem se defrontando com a proliferação dos ambientes e aglomerados urbanos criativos: equipamentos, edificações e regiões voltadas para as atividades dos setores chamados de “criativos”, tais como espaços de fabricação e exibição artísticas e culturais, fábricas reconvertidas, espaços múltiplos de trabalho e lazer, espaços de trabalho colaborativo, fabricação digital, bairros criativos, parques e cluster de tecnologia e inovação etc. Alimentadas por um discurso sobre as potencialidades econômicas e inclusivas de tais atividades,  cada vez mais as políticas públicas culturais e de desenvolvimento dirigem sua atenção e recursos públicos para tais setores. A presente pesquisa pretende contribuir para o estudo e melhor caracterização desses ambientes e aglomerados existentes no Brasil, bem como abrir caminho para estudos comparados com outras realidades internacionais. Pretende com isso contribuir para a formulação de políticas públicas e estudos sobre o binômio criatividade/desenvolvimento

Arte e Mercado: lógicas intempestivas

Responsável: prof. Dr. Ruy Sardinha Lopes

Eixo de pesquisa: Economia política da cultura, da arte e do espaço urbano

Não é de hoje que boa parte da literatura especializada vem apontando que uma nova lógica nos mecanismos de reprodução do capital está em curso, alterando, entre outras coisas, seu discurso legitimador. Conceitos, categorias e agentes até então periféricos são rearticulados numa nova dinâmica e camadas que precisam ser deslindadas. A centralidade econômica da cultura e das faz com que não apenas o antigo conceito de cultura burguesa rode em falso, mas também que os modelos explicativos dos inter-relacionamentos entre arte, mercado e poder necessitem de revisão. Este projeto de pesquisa pretende, desta forma, inquirir os modos pelo quais esta tríade vem se dando na atualidade brasileira. Pretende ainda verificar a elaboração das políticas culturais e artísticas recentes, elaboradas à luz destas novas engrenagens.

Atlas do chão

Responsáveis: profa. Dra. Ana Luiza Nobre (PUC-Rio) e prof. Dr. David M. Sperling / Financiamento: FAPERJ e CNPq

Eixo de pesquisa: Cartografias críticas e espacialidades

Atlas do Chão é um projeto dedicado a mapear e tornar visível criticamente processos de urbanização, territorialização e desterritorialização que permanecem inscritos no chão hoje, em diferentes contextos histórico-culturais e geopolíticos. Alinha-se com perspectivas decoloniais e de problematização de representações eurocêntricas do planeta que condicionaram profundamente nossa maneira de ver, pensar e agir. Investiga possibilidades de expansão do imaginário arquitetônico e urbano a partir da exploração de outras narrativas-cartografias que se revelam mais que nunca cruciais em meio ao colapso social-ambiental-urbano-sanitário-político que vivemos.

Cartografias: tecnopolíticas e geopoéticas

Responsável: prof. Dr. David M. Sperling / Financiamento: CNPQ (bolsa produtividade PQ-2)

Eixo de pesquisa: Cartografias críticas e espacialidades

Resumo: Diante de um contexto em que as cartografias na arquitetura e urbanismo ainda se mostram majoritariamente lastreadas na geografia física, abordagens cartográficas alternativas em diferentes campos disciplinares – artes visuais, geografia, filosofia, sociologia, estudos culturais e ciência da informação – e mesmo de forma ainda lateral, na arquitetura e urbanismo, vêm provocando importantes reflexões e práticas críticas. Neste sentido, esta pesquisa se assenta em deslocamentos de duas ordens.  Uma delas é o de uma crítica ontológica às posturas cientificistas segundo as quais os mapas são assumidos como dispositivos objetivos. A outra é a do diálogo com um universo de abertura das práticas cartográficas, em seus aspectos políticos e criativos, em distintos campos do saber e do fazer. Pretende-se, então, ampliar a constituição de um corpo teórico e prático interdisciplinar voltado às cartografias, segundo duas linhas de abordagem e seus possíveis entrelaçamentos. Uma diz respeito às cartografias como tecnopolíticas de ação e visualização crítica de processos espaciais; a outra enfoca as cartografias enquanto práticas geopoéticas, as quais abrem sentidos inventivos e poéticos sobre processos espaciais. Enquanto com a primeira interessa aprofundar estudos sobre abordagens da Cartografia das Controvérsias voltadas ao urbano e às dinâmicas espaciais, com a segunda interessa aprofundar estudos sobre agenciamentos a partir da forma Atlas.

Corpos que (não) importam: regimes de (in)visibilidade e vidas precárias na arte contemporânea

Responsável: prof. Dr. Ruy Sardinha Lopes

Eixo de pesquisa: Economia política da cultura, da arte e do espaço urbano

Partindo das provocações de Judith Butler, Foucault e outros pensadores em relação ao papel de determinadas construções discursivas [os regimes de (in)visibilidade] na instituição de normatividades e suas exterioridades (zonas abjetas e precárias), o presente projeto pretende investigar como tais construções se dão no âmbito da produção e instituições artísticas, suas eleições e elisões, afirmações e questionamentos das ordens hegemônicas . A pesquisa toma as categorias de vida precária (BUTLER,2004) – e “zonas abjetas” (Bataille, 1970) como “condição contemporânea” – o “fantasma que ronda o mundo hoje”, “chave de compreensão da situação presente” (Vilar, 2017) para pensar não apenas o possível efeito ontológico da produção artística sobre os corpos/vidas tidos como não importantes e as zonas de restrição ou de (in)visibilidade presentes no mundo da arte, mas também as condições e questões – étnicas, raciais, de gênero etc – do mundo do trabalhador artístico e cultural.

Dentro ou fora do circuito? Museus de arte contemporânea no interior de São Paulo e os meios digitais

Responsável: profa. Dra. Amanda Ruggiero

Eixo de pesquisa: Arte, patrimônio, curadoria e expografia

O tema a ser trabalhado na investigação de pós-doutorado, detalhado adiante, visa incorporar as instituições e os estudos das exposições de arte e arquitetura como dispositivos (G. Agamben), em análise crítica e propositiva, relativo aos seus aspectos sociais, técnicos e econômicos, tendo como inquietação os sistemas hegemônicos de representações (R. Chartier) institucionais em relação a outros circuitos e seu papel no apoio e desenho das atuais políticas de identidade. A apreciação pretende focar nos estabelecimentos de arte contemporânea localizados fora do eixo das capitais e metrópoles nacionais. Deseja-se refletir sobre os modos possíveis de associações e relações de trabalho a partir da participação social, das especificidades locais tendo como ênfase outros sistemas de organização cultural, formados a partir de redes identitárias, históricas e relacionais (M. Augé) , sejam locais, étnicas ou de gênero. Neste sentido pergunta se o regime entre a visibilidade e invisibilidade de sujeitos sociais, por meio de uma análise das redes e sistemas de difusão, salvaguarda e exibição de arte contemporânea, em estabelecimentos públicos e recentes unidades privadas localizadas fora das metrópoles urbanas (interior de São Paulo), em especial, suas ações durante a pandemia em que pesem as dinâmicas reais e as articulações em meios digitais e redes sociais. Esses museus e entidades culturais se configuram como sistemas ou circuitos alternativos às redes hegemônicas? Seria possível encontrar particularidades ou eixos de trabalho que se colocam como alternativas em outros modos de validação e circulação cultural? Além disso, tais museus e órgãos se apresentam como um modo de pensar e gerir identidades e valores em outras lógicas distintas da soberania quantitativa das cifras e rendimentos financeiros? Como as comunidades locais e regionais participam de suas produções e configuram suas práticas neste cenário?

Limites e intercâmbios entre Imagem, Espaço e Cidade

Responsável: prof. Dr. Luciano Bernardino da Costa

Eixo de pesquisa: Imagem, espaço e paisagem urbana

Este projeto de pesquisa tem inicialmente como referência balizadora a metrópole moderna e suas implicações na transformação da percepção do espaço, identificáveis através dos novos dispositivos técnicos e da relação corpo e espaço urbano. Tais aspectos entende-se como inseridos em um grande campo formado por dois eixos entrecruzados: a IMAGEM, como estrutura de pensamento, articulação entre dimensões distintas do sensível e reflexão sobre modos de ação e intervenção espacial; e a CIDADE, como lócus privilegiado de transformações histórico-espaciais e de produção e concentração material e simbólica nos últimos dois séculos.

Poiesis: apropriação e produção do espaço por meio da participação

Responsável: profa. Dra. Carolina Akemi Martins Morita Nakahara

Eixo de pesquisa: Economia política da cultura, da arte e do espaço urbano

Este Projeto de Pesquisa tem como objetivo geral compreender o sentido e o alcance da poiesis em A&U, tomando como fio condutor as possibilidades e dimensões de participação e da apropriação, à luz de teóricos do cotidiano, tais como Henri Lefebvre. Toma-se a noção de poiesis – termo grego que remonta ao menos desde os escritos de Platão e Aristóteles, mas que aparece retomada e desenvolvida por filósofos contemporâneos como Martin Heidegger – enquanto produção ou modo de produção, o qual, no entanto, não se restringe apenas ao âmbito econômico, mas, sim, abarca um modo de ser, de saber e de se posicionar no mundo do homem. A partir desse arcabouço conceitual, propõe-se a análise e a comparação entre manifestações atuais envolvendo arquitetura, urbanismo e arte, sobretudo por meio da identificação e do mapeamento entre os distintos tipos de propostas participativas patentes na atualidade – a exemplo das geometrias humanistas, dos mutirões autogeridos, das propostas corpóreas/ fenomenológicas ou do urbanismo bottom-up. O objetivo é problematizar, por um lado, o conceito de espaço social enquanto resultado da relação de várias práticas de produção do espaço, das quais a arquitetura e o urbanismo fazem parte; por outro, visamos compreender os limites e alcances efetivos de práticas participativas, sobretudo no que diz respeito à criação de brechas, rupturas e de transformações – neste caso, relacionando-se com o sentido genuíno da poiesis e, em essência, da própria apropriação e da produção. O projeto tem como objetivos, diante disso, seguindo o princípio da indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão na área acadêmica: a) contribuir para projetos de pesquisas com orientação de trabalhos acadêmicos e processos projetuais que envolvam a participação; b) atuar em disciplinas e/ou atividades de extensão que tratam de temas chave do projeto, como Fundamentos da A&U, Teoria e História, Estética e Projeto; c) oferecer cursos livres e/ou de extensão, presenciais ou EaD que proporcionem uma arena de discussão e reflexão a respeito dos temas levantados por este projeto. Por fim, de um modo geral, além dos objetivos descritos, a intenção é contribuir para a discussão crítica, a reflexão e a investigação de metodologias envolvendo a participação e a apropriação, com vistas a possíveis aplicações práticas e projetuais que recuperem a essência da poiesis.