O Laboratório de Estudos do Ambiente Urbano Contemporâneo (LEAUC), vinculado ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU/USP), tem por foco a investigação da cidade contemporânea, seus processos de conformação, suas expressões culturais e novas formas de sociabilidade. Criado em 2009, o grupo vem interrogar sobre o ambiente urbano, suas transformações e desdobramentos, além de tensionar e analisar conceitos e abordagens de cidades, em particular brasileiras, através dos seus três eixos de pesquisa apresentados na sequência.
As dimensões desses eixos são exploradas em abordagens transdisciplinares buscando melhor compreender aspectos da produção do meio urbano. Compreender o mundo para nele habitarmos, implica, além das dificuldades da observação de um processo em curso, na consciência da impossibilidade de discipliná-lo ou de promover uma única visão do processo.Eventos e Notícias
Eixos de Pesquisa
Esta linha considera que as diferentes práticas cotidianas no espaço urbano podem ser tanto resultado, como causa de certas dinâmicas sociais. Neste sentido, o espacial e o social são campos tanto em complementaridade, como em tensão - por isso, pela natureza complexa de suas interações, entre tempos e ritmos diversos, não cabe reduzir o espaço a uma simples forma de expressão dessas dinâmicas. Espacialidades e temporalidades são, pois, estruturantes de determinadas dinâmicas sociais e vice-versa.
Cidade patrimônio e cultura
Cultura, aqui, é considerada em sentido amplo, abordando desde suas bases que se estabelecem num caráter institucional (cultura-nação), até aquelas que a situam em seus nexos antropológicos: práticas de diferentes grupos sociais; formas de contestação da ordem social (e cultural-institucional); adesão e reprodução das relações de poder que normatizam suas práticas e seus usos (da cultura). Pretende-se compreender algumas das dinâmicas sociais e culturais no ambiente urbano contemporâneo, questionando sua permanência ante esse processo e a (des)constituição da paisagem do lugar.
Cidade, habitação e desigualdades
Esta linha abrange o tema da habitação nos contextos político, econômico e social, considerando o direito à cidade e à moradia, a articulação entre os processos econômicos globais e o modo como a política pública habitacional é ativada como dispositivo de materialização do morar. Perpassa os temas de cidade e pobreza, cidade e trabalho, os conflitos e negociações na cidade contemporânea, até as formas urbanas que se (re)produzem a partir dessas dinâmicas e (re)estruturam a cidade. Neste âmbito, aborda o empresariamento e a privatização da ação Estatal no que diz respeito aos mecanismos de gestão dos territórios da pobreza, englobando tanto as disputas em torno da habitação de interesse social nas áreas centrais, como a atuação de instituições privadas, além das novas formas de morar e de “inserção” e/ou “inclusão” da pobreza na lógica mercantilizada e financeirizada do capitalismo contemporâneo.
Atividades ao Público
Diante de processos de produção da cidade em que a dinâmica de constante transformação expõe rupturas e encaminha novas relações entre o social, o físico, político, o simbólico, o cultural e o lugar, atreladas ao seu próprio processo de conformação, refletir sobre a cidade faz-se necessário. Tais dimensões, em certa medida, condicionam, modificam e reestruturam a produção, o uso e a apropriação do espaço urbano. Neste sentido, a proposição das nossas atividades ao público consiste na idealização e construção de um amplo espaço de debate, um momento de pausa e reflexão que pode ajudar a construir novas perspectivas e inflexões sobre questões urbanas contemporâneas. Ainda, busca interrogar/desestabilizar eventuais certezas e categorias que utilizamos para observar e investigar a cidade contemporânea - ações que demandam uma revisão e uma atualização de seus instrumentos investigativos e analíticos tradicionais.
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O Anuário tem como objetivo promover um debate sobre as pesquisas desenvolvidas no LEAUC, mas não de forma endógena - por essa razão, conta com a participação de pesquisadores externos ao grupo. De periodicidade anual, divulgado ao final de cada ano de trabalho, terá sempre como referência os eixos de pesquisa do grupo problematizados em relação à cidade contemporânea e, portanto, à reflexão sobre: suas lógicas de produção; a conformação de seus espaços públicos; os desdobramentos de processos de patrimonialização e privatização; seus fenômenos socioespaciais; seus usos e apropriações; suas novas urbanidades.
Lançamento da Edição 02 do Anuário LEAUC
O Laboratório de Estudos do Ambiente Urbano Contemporâneo (LEAUC) tem o prazer de apresentar mais uma edição de seu Anuário. Esta edição resulta de parcela das pesquisas desenvolvidas e em desenvolvimento, assim como das Jornadas Científicas e das discussões coletivas realizadas no âmbito do grupo.
Nós, pesquisadores e colaboradores do LEAUC, convidamos todos a conhecerem este trabalho. Boa leitura!
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A ideia e o objetivo do Ciclo de Cinema e Debate "Urbanicidades" é provocar a reflexão compartilhando com um público mais amplo uma dinâmica interna ao grupo - proposta que se reflete no nome da atividade, “Urbanicidades”. De modo estruturado, ela propõe debates por meio de encontros definidos a partir de eixos temáticos de discussão, utilizando-se de recursos audiovisuais que provocam e/ou fundamentam a reflexão. Assim, os ciclos pretendem contribuir com as atividades já existentes no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU/USP), também propondo novas atividades e ações em nome da instituição que integrem o público externo - essência norteadora dos projetos de extensão.
12º Ciclo de Cinema e Debate "Urbanicidades"
"Resistir, Recontar, Transformar" é o tema do ciclo de cinema que vamos apresentar no ano de 2024, caracterizado por desafios relacionados às mudanças climáticas, processos de (des)territorialização e preservação da memória coletiva. As obras que integram o Urbanicidades 2024 trazem narrativas de resistência profundamente ligadas a esses temas, desde as vivências dos povos originários e suas lutas específicas, até retratos de periferia urbana paulista e o enfrentamento de comunidades ameaçadas por decisões políticas.
O ciclo de 2023 será desenvolvido em cinco sessões presenciais, no Auditório Paulo de Camargo e Almeida (IAU/USP), nos dias 10/09 e 17/09, 22/10 e 29/10 e 07/11, com a exibição de filmes, fictícios e documentários.
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Equidade urbana em territórios do precário: ações socioespaciais participativas em Paraisópolis
Abordando questões da cidade contemporânea brasileira com foco em territórios do precário, o projeto visa aproximar a universidade da sociedade e conta com a participação de diferentes agentes, entre docentes, estudantes, líderes comunitários e membros da comunidade de Paraisópolis. Esta aproximação se dá através de ações colaborativas caracterizadas, sobretudo, por três oficinas transdisciplinares de temáticas complementares: a proposição de um projeto piloto de ciência cidadã, “Participando da Ciência: insetos, cidade e saúde” (1); o reconhecimento das identidades do território, “Contracartografias e Cartografias Sócio-Críticas” (2); e propostas urbanas relativas a implementação de “Diretrizes Ambientais e Áreas Lúdicas de Recreação Infantil” (3). O projeto considera que a cidade é resultado de processos de transformação que carregam seu referencial histórico ao mesmo tempo em que submetida a lógicas contemporâneas de produção, e que, no contexto brasileiro, conflitos e fragilidades do processo de conformação de territórios, via de regra singulares, são também condicionados por processos hegemônicos que levam à precariedade de determinadas áreas e à redução de seu valor público.
No Pavilhão Virtual Italiano da Bienal de Veneza de 2021, o fórum Parlamento Diplomacy contou com a exibição do vídeo ao lado, coordenado pelo prof. Manoel Rodrigues Alves e produzido pela equipe da Quebrada Produções, inserindo o projeto realizado em Paraisópolis no bojo das discussões propostas pelo evento.