2020

SEMINÁRIO DE PESQUISA NEC 2020

Acontece nos dias 19, 22, 26 e 29 de outubro o Seminário de Pesquisa NEC 2020, com mesas temáticas que articulam pesquisas de mestrado, doutorado e iniciação científica atualmente em desenvolvimento no grupo.

Originalmente planejado para ocorrer no formato presencial nos dias 31/03 e 01/04/2020, o seminário foi reformatado em função da pandemia da COVID-19.

A palestra de abertura do Prof. Dr. Sérgio Amadeu (UFABC), “Democracia na era dos algoritmos” foi realizada ainda no dia 31/03, de forma remota, e pode ser conferida em https://www.facebook.com/sergioamadeu/videos/10163301172900274. As mesas temáticas foram transferidas e poderão ser acompanhadas pelo link: https://www.youtube.com/iauusp

O Seminário do dia 22 não será transmitido pelo youtube, mas você pode acompanhar pelo GoogleMeets: https://meet.google.com/xch-bemd-pvx

Aos que não tiverem oportunidade de acompanhar o Seminário ao vivo, as apresentações serão disponibilizadas no canal do Youtube do NEC: https://www.youtube.com/channel/UCwke3EKHOdPJhHmeygRJyTw

 


Confira a programação e os resumos no link abaixo:

PROGRAMAÇÃO E RESUMOS 

Workshop Desobediência Digital – DigitalFUTURES

Workshop Desobediência digital: dispositivos domésticos futuríveis


Data: 26.06 a 03.07.2020
Local: Online

Coordenação: David Sperling (USP), Rodrigo Martin Iglesias (UBA), Cristina Voto (UniTo), Rodrigo Scheeren (USP)

DigitalFUTURES World Architects Unite – A One Week Series of 24/7 Free Online Workshops & Talks

Tongji University – China

https://www.digitalfutures.world/ 

 

O workshop parte do registro de um mundo em crise para pensar alternativas utilizando design fiction, e investigar novas figurações de futuros possíveis. Baseado num espaço limitado e controlado – o ambiente doméstico e suas ferramentas – propõe-se a criação de artefatos ficcionais-futuristas para além da condição vivida. Os inputs serão extraídos de literatura fantástica, filmes, textos teóricos, projetos arquitetônicos, obras artísticas, entre outros, que contribuam para expandir a paisagem ficcional por meio do pensamento especulativo e da figuração de outros artefatos domésticos. Pretende-se  transitar entre o existente e a potência da especulação do design que subverte funções, aparências e expectativas na produção de suportes imaginários para se articular projeções para além da  condição cultural atual. Assume-se a desobediência digital como exercício para questionar criticamente certas ambiguidades das interfaces digitais em sua pervasividade cotidiana, que as situam entre os objetos comuns e os extraordinários. A perspectiva de trabalho adota a visão decolonial sobre as práticas, através de uma epistemologia “do Sul”, como modo de alcançar figurações alternativas a futuros estereotipados e hegemônicos.

Serão abordados os seguintes tópicos: design fiction; futurização, visualização, design computacional e fabricação digital; hibridação e desobediência tecnológica;  tecnologias apropriadas; tecnologia social; tecnologias high-low;  processos bottom-up; gambiarra; tecnopolíticas; teoria crítica cultural; decolonização e epistemologias do sul. O exercício projetual será composto das seguintes etapas: captura de dados do ambiente doméstico; detecção e desnaturalização de dispositivos; cartografia de funções, comportamentos e desejos; exploração de cenários futuros do habitar; operações de hacking e design de artefatos; ficcionalização de artefatos e de suas performatividades; visualização, modelagem e simulação de artefatos ficcionais e cenários futuros do habitar doméstico; produção de apresentações para exposição.  Os projetos serão apresentados utilizando os seguintes suportes: 1 objeto modelado (físico ou virtual) + 1 colagem visual + 1 texto de statements + 1 vídeo.

 

Coordenadorxs

David Sperling é professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP) e coordenador do Núcleo de Estudos das Espacialidades Contemporâneas do IAU-USP. Pesquisador Produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Arquiteto, mestre e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela USP. Seus projetos de pesquisa em andamento são: “Contracartografias: tecnopolíticas de espacialização da informação” e “Homo Faber: Digital Fabrication in Latin America”. É o atual presidente da SIGraDi.

Rodrigo Martin-Iglesias é arquiteto e doutor em Design pela Universidad de Buenos Aires (UBA). Professor de Teoria e História da Arquitetura na UBA e na UNLaM. Diretor do Mestrado em Open Design (UBA – Humboldt Universität zu Berlin). Coordenador do Design Research Laboratory (+ID Lab). Coordenador dos projetos de pesquisa “Visualização e Design do Conhecimento. Taxonomias Analíticas e Cartografias Compreensivas” e “Fabricação Digital: Processos Produtivos e Morfogenéticos”. Co-fundador e estrategista de NextFutures e coordenador da Rede Xenofuturism.

Cristina Voto é pesquisadora pós-doutoranda na Università di Torino (FACETS _ ERC Project), professora de Semiótica para as Artes Eletrônicas na Universidad Tres de Febrero (Buenos Aires) e curadora da Bienal de la Imagen en Movimiento em Buenos Aires. Sua pesquisa acadêmica é focada em semiótica, design, culturas audiovisuais, artes digitais, estudos de futuros, queer e gênero.

Rodrigo Scheeren possui graduação em Filosofia e em Arquitetura e Urbanismo. É doutorando em Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP), com período de intercâmbio no Programa “Architettura, ingegneria delle costruzioni e ambiente costruito” do Politecnico di Milano. Seu projeto de pesquisa atual é “Laboratórios de Fabricação Digital na América do Sul: estratégias, processos, e artefatos para arquitetura e design”.

Urban Commons in Brazil and Germany

Parceria do NEC.IAU-USP, Escola da Cidade e Leuphana University in Lüneburg 


Um projeto de viagem de estudo pensada em parceira com a professora Ursula Kirschner da Leuphana University Lüneburg e a professora Ana Carolina Tonetti da Escola da Cidade.

Espera-se, através dessa experiência, aprofundar os estudos sobre o Comum por meio de uma aprendizagem mútua entre estudantes brasileiros e alemães e do intercâmbio entre os professores participantes.

A programação prevista envolve visita in loco, aulas expositivas e oficinas em duas rodadas, a primeira na Alemanha e a segunda no Brasil. Na Alemanha, as atividades programadas ocorrerão em Luneburg, Hamburgo e Berlim, com a perspectiva de ter contato com uma variedade de iniciativas alemãs em torno do Comum Urbano.

Diante do contexto de pandemia, ocorrerá uma reunião via ZOOM para apresentação das pessoas envolvidas no projeto de viagem de estudo que tem como objetivo abordar o comum no contexto da epidemia.

Data: 29.05.2020 às 10h
Local: Online

COLÓQUIO Direito à Cidade.

Apresentação de David Sperling no COLÓQUIO Direito à Cidade.


Data: 19.11.2020
Local: Online

COLÓQUIO Direito à Cidade.
Desafios Metropolitanos
Contemperâneos de Insvestigação.
Será possível prospectivar o futuro?

O professor David Sperling irá palestrar às 16h: Contracartografias: tecnopolíticas de espacialização da informação.

Dia 19 de maio de 2020, por meio da plataforma ZOOM ID: 82255113283.

CO-LAB PLATAFORMA ABERTA DE CIÊNCIA E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ

A plataforma CO-LAB São Carlos foi desenvolvida pelo grupo de pesquisa NEC. IAU-USP com o intuito de criar uma rede colaborativa de enfrentamento da COVID-19 na cidade de São Carlos e região.

Seu objetivo é identificar as principais carências de cidadãos e instituições, fomentar ações de colaboração e facilitar a conexão entre elas. Criada em formato Creative Commons a iniciativa é passível de ser replicada em outras cidades.

Após um rápido cadastro, as necessidades e iniciativas ganham visibilidade e permanecem mapeadas, para que possam ser amplamente divulgadas afim de diminuir as distâncias e promover a solidariedade.

Participe! Compartilhe!

Link: https://www.iau.usp.br/colab/

 

Crises, Cracks and Openings. Technopolitics of COVID-19

The virus, officially named SARS-CoV-2, is often portrayed as something coming from the outside, be it nature or a foreign country. However, its spread is neither a natural disaster nor a strategic ploy, but a deeply techno-political event. As the disease turns into a pandemic it reveals many of the hidden structures and contradictions of the highly integrated, yet locally differentiated contemporary word.

The societal reactions to the spread and the measures which are currently put into place are transformative and might turn revolutionary.

To address an event as distributed and complex as COVID-19, no single point-of-view can suffice. Thus, we have invited artists and theoreticians from four places – Sao Paulo, Chicago, Tel Aviv, and Vienna – to speak about their particular experiences, the techno-political dynamics created by the virus, agency for cultural producers and speculate about what will remain.

 

The discussion will take place over ZOOM (yes, we know!).

Please join us at 20:00 (CEST) via this link https://zoom.us/j/94058587129

 

SPEAKERS:

David Sperling Architect, Institute of Architecture and Urbanism (IAU), University of São Paulo

Lucas Bambozzi Artist, Filmmaker and Activist, São Paulo

Brian Holmes Researcher, Writer, Activist, Chicago

Udi Edelman Isreal Digital Art Center, Tel Aviv

Tsilla Hassine Artist and Art-up Founder, Tel Aviv

Technopolitics Working Group Vienna

Mais informações no site: http://www.technopolitics.info

Democracia na era dos algoritmos

A programação do Seminário de Pesquisa 2020 do Núcleo de Estudos das Espacialidades Contemporâneas (NEC) foi remodelada em função dos recentes acontecimentos relacionados à COVID-19. Nosso convidado, Prof. Dr. Sérgio Amadeu (UFABC), fará uma live em seu Facebook para a transmissão da palestra “Democracia na era dos algoritmos”. Dia 31/03, às 19h, através do link https://www.facebook.com/sergioamadeu.
Não perca!

 

 

Imagens no consumo da habitação: subjetividades, rituais e práticas

Defesa de Doutorado de Maria Fernanda Andrade Saiani Vegro.

Data: 10/02/2020
Horário: 14:00h
Local: Instituto de Arquitetura e Urbanismo, USP, São Carlos.

Banca:
Prof. Dr. Fábio Lopes de Souza Santos (Orientador)
Prof. Ruy Sardinha (IAU USP)
Profa. Heliana Comim Vargas (FAU USP)
Prof. Ricardo Fabbrini (FFLCH USP)
Prof. Luiz Barros Recaman (FAU USP)
Profa. Rita de Cássia Lucena Velloso (UFMG)

Resumo:

Esta tese se insere no debate sobre as imagens e representações presentes no campo do
consumo da moradia, ou seja, a cadeia de produção simbólica produzida pela
publicidade e marketing imobiliário com a finalidade de legitimar ideias, conceitos para a arquitetura, estilos de vida, modos de relacionamentos com a cidade e consagrar
localizações. Com o ajuste neoliberal da economia e a abertura de capital das
incorporadoras na bolsa de valores a partir de 2005, as empresas imobiliárias têm
apostado em um marketing renovado, sintonizado com a gestão de branding, com o
objetivo de fortalecer a conexão dos consumidores com suas marcas. Essa estratégia
representa contrapartidas financeiras para as empresas, como por exemplo: maiores
margens de lucros, uma precificação premium para os produtos, atração de rendas
futuras, minimizando ameaças por parte dos competidores. Nos ambientes analógico e
digital das incorporadoras, com canais de comunicação mais pulverizados, as imagens e
representações tornam-se capaz de conferir valor para as marcas corporativas que
assumem uma forma humana no relacionamento com as pessoas. Então, a qualidade
desse relacionamento torna-se central para as empresas, pois produz subjetividades que
se transformam na “matéria-prima” do capitalismo atual, com o avanço das novas
tecnologias de comunicação e informação. Para a compreensão desse cenário, a
metodologia desta tese articulou pesquisa etnográfica com pesquisa documental e a
reunião de um corpus de textos do campo do marketing e da publicidade, que permitiu
uma imersão mais profunda no movimento do capitalismo em suas diferentes fases.
Também, foi realizada uma periodização histórica dos anúncios imobiliários impressos
veiculados nos jornais paulistanos dirigidos para segmentos de média renda em períodos
que marcam inflexões nos modos de representação da moradia. Refletir criticamente a
respeito do papel das imagens da moradia na contemporaneidade torna-se relevante,
principalmente, quando elas passam a assumir o “lugar do vivido” e sinalizam a
necessidade urgente da mobilização de ações políticas com o objetivo de construir
“lugares de presença”.

Palavras-chave: Imagens. Marca. Relacionamento. Subjetividade. Experiência.

ENTRE POLÍTICA E ESTÉTICA: ocupações urbanas e arte contemporânea

Defesa de Doutorado de Marcos Paulo Marchetti.

Data: 28/07/2017.
Horário: 14:00h
Local: Auditório – Instituto de Arquitetura e Urbanismo, USP, São Carlos.

Banca:
Fábio Lopes de Souza Santos (orientador)
David Moreno Sperling (IAU.USP)
Sylvia Furegatti (UNICAMP)

Resumo:

As inquietações causadas por trabalhos de arte contemporâneos são o ponto de partida desta tese, principalmente quando tangenciam campo da arquitetura e urbanismo. Gestados em um momento recente, onde ocorrem diversas aproximações entre arte, cultura e o atual sistema de troca de valores, estes trabalhos, em sua ambiguidade interna ou em relação a estes sistemas, proporcionam uma visão mais ampla sobre o contexto em que vivemos hoje.
O entendimento destes trabalhos passa por etapas de leituras das principais vertentes da arte contemporânea, como sua crítica ao design, a discussão sobre a Crítica Institucional e as ocupações urbanas que também se originam dela, assim como os desdobramentos mais recentes das artes participativas. Somando estas observações a um debate pontual sobre o contexto atual dos espaços públicos urbanos, especificamente na cidade de São Paulo, analisamos quatro propostas artísticas dos artistas/coletivo Vito Acconci, Didier Fiuza Faustino, Santiago Cirugeda e BijaRi.
Nestas análises, buscamos verificar a abrangência, ou eventuais limitações, da potencialidade destas táticas de ações artísticas na constituição destes espaços públicos, entendidos como território em disputa por forças de diversos interesses, sejam eles políticos, identitários ou críticos.

Palavras-chave: arte contemporânea, cidade contemporânea, política, estética.

Zé Celso versus Silvio Santos: A teatralização da disputa pelo espaço urbano

Defesa de Mestrado de Isadora Vidal Pinotti Affonso.

Data: 19/02/2020.
Horário: 14:00h
Local: Instituto de Arquitetura e Urbanismo, USP, São Carlos.

Banca:
Fábio Lopes de Souza Santos (orientador)
Miguel Antônio Buzzar (IAU-USP)
Guilherme Texeira Wisnik (FAU-USP)
Evelyn Furquim Werneck Lima (UNIRIO)

Resumo:
O grupo Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, criado no final da década de 50, desenvolveu um extenso trabalho de pesquisa e experimentação do trabalho do ator, das possibilidades dramatúrgicas e da criação cênica, firmando seu lugar na história da encenação Brasileira com uma linguagem característica e poética de criação própria. Durante esta trajetória, o espaço ocupado pelo grupo, seu edifício teatral, foi cultivado como um território de relações intensas, criações dramatúrgicas e simbologia sagrada: o palco do Teatro Oficina se criou em simbiose com o grupo teatral e com todas as outras linguagens criativas que nasceram ali. Atualmente, o edifício sede do grupo representa um marco na arquitetura teatral mundial, mas ao mesmo tempo também é a arena de uma disputa urbana que já se desenrola há mais de 40 anos na cidade de São Paulo. Este edifício, mais especificamente o terreno vazio no entorno do prédio vem sendo palco desta disputa espacial na qual, de um lado, o Teatro Oficina, deseja o espaço para a execução de um projeto maior de ocupação do espaço urbano voltado para as artes e uso comum, e do outro, uma grande incorporadora comandada pelo Grupo Silvio Santos, proprietário do terreno, mantém o espaço como uma ferramenta de especulação imobiliária ao longo dos anos. Existe ainda nesta disputa um caráter de teatralização das relações imobiliárias e das políticas urbanas que interessa bastante a este estudo. Esta pesquisa propõe-se a analisar esta disputa territorial e estes movimentos de ocupação espacial germinados no Oficina e a relação com o bairro e com a cidade. Observar este “novo gênero” que se cria – que é teatro, é dramaturgia, mas também é política urbana, também é economia imobiliária, e também é arquitetura – possibilita um novo ângulo de visão e uma nova chave de compreensão da cidade e das relações político-urbanas acompanhadas da produção artístico-teatral.
Palavras-chave: Teatro Oficina. Silvio Santos. Teatralização. Teatro e Cidade.

AFFONSO, Isadora Vidal Pinotti. Zé Celso versus Silvio Santos: A teatralização da disputa pelo espaço urbano. 2019. 326p. Dissertação (mestrado). Instituto de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de São Paulo, São Carlos, 2019.

ARQUITETURA SEM FRONTEIRAS – Eyal Weizman barrado nos EUA ante à retrospectiva do Forensic Architecture

 

A exposição Forensic Architecture: True to Scale (Arquitetura Forense: Fiel à Escala), com abertura em 20/02/2020, explora o trabalho de pesquisa da agência investigando violações de direitos humanos ao redor do mundo. A imagem mostra a Forensic Architecture Investigation #15: The Bombing of Rafah (Investigação de Arquitetura Forense #15: O Bombardeio de Rafah) na faixa de Gaza (Cortesia: Forensic Architecture).

por MATT SHAW (Editor Executivo, Architect’s Newspaper)– 19/02/2020
Publicado em https://archpaper.com/2020/02/eyal-weizman-barred-from-us/
Tradução: Camilo Kolomi

 

O coletivo de pesquisa Forensic Architecture, conhecido por seu uso de análises arquitetônicas, espaciais e tecnológicas para investigar a violência estatal e corporativa, abre sua primeira exposição individual nos EUA hoje no Miami Dade College’s Museum of Art and Design (MOAD). Contudo, quando o fundador do coletivo, Eyal Weizman, estava em sua casa em Londres se preparando para voar para a abertura em Miami, recebeu um email da Embaixada Americana informando que seu visto havia sido revogado e que não estava autorizado a viajar aos EUA.

Quando Weizman foi até a embaixada solicitar um novo visto, foi informado pelo entrevistador que um “algoritmo” o havia identificado como uma possível ameaça por conta de pessoas com quem ele havia interagido, lugares para os quais havia viajado recentemente, ou uma combinação não identificada de ambos. Quando lhe ofereceram a oportunidade de “acelerar o processo” fornecendo nomes que ele julgasse que poderiam ter sido a causa do disparo dos alarmes, Weizman recusou.

Segue o pronunciamento completo, que será lido por sua sócia, professora Ines Weizman, no MOAD esta noite, e foi enviada por email ao The Architect’s Newspaper por Weizman:

 

Hoje (19 de fevereiro) eu deveria estar aqui com vocês no Museum of Art and Design em Miami para a abertura da primeira exposição individual do Forensic Architecture nos EUA, True to Scale.

Mas na quarta-feira, 12 de fevereiro, dois dias antes do meu vôo para os EUA, eu fui informado por um email da Embaixada Americana que o meu visto havia sido revogado e que eu não estava autorizado a viajar para os EUA. A mensagem de revogação do visto não informava seu motivo ou oferecia a possibilidade de apelar da decisão ou um visto alternativo que me permitisse estar aqui.

Também era uma viagem de família. Minha esposa, a Professora Ines Weizman, que também daria palestras nos EUA, e nossos dois filhos viajaram um dia antes de mim. Eles foram barrados no Aeroporto JFK em Nova Iorque onde Ines foi separada das crianças e interrogada por oficiais da imigração por duas horas e meia antes de autorizarem sua entrada.

 No dia seguinte eu fui até a Embaixada Americana em Londres para solicitar um visto. Em minha entrevista o oficial me informou que minha autorização para viajar havia sido revogada porque o “algoritmo” havia me identificado como uma possível ameaça. Ele disse que não sabia o que havia disparado o algoritmo mas sugeriu que poderia ser algo em que eu estivesse envolvido, pessoas com quem eu tenho ou tive contato, lugares para os quais eu tenha viajado (eu teria estado recentemente na Síria, Irã, Iraque, Iemen, Somália ou me encontrado com pessoas destas nações?), hotéis nos quais eu tenha ficado, ou um certo padrão de relações entre outras coisas. Eu fui solicitado a fornecer à Embaixada informações adicionais, incluindo 15 anos de histórico de viagens, em particular para onde eu fui e quem pagou por isso. O oficial disse que os investigadores da Homeland Security poderiam trabalhar no meu caso mais rapidamente caso eu fornecesse nomes de qualquer um na minha rede que eu acreditasse que poderia ter disparado o algoritmo. Eu me recusei a fornecer estas informações.

Isso nós sabemos: estamos sendo monitorados eletronicamente por um conjunto de conexões – a rede de associações, pessoas, lugares, ligações e transações – que compõem nossas vidas. Essa análise da rede apresenta muitos problemas, alguns dos quais são bastante conhecidos. Trabalhar com direitos humanos significa estar em contato com comunidades vulneráveis, ativistas e especialistas, e lhe ser confiada informação sensível. Estas redes são a linha de vida de um trabalho investigativo. Estou alarmado que relações entre nossos colegas, parceiros e equipe estão sendo monitorados pelo governo americano como possíveis ameaças.

Esse incidente exemplifica – embora de forma menos intensa e em uma escala muito menos drástica – os aspectos críticos da “lógica arbitrária da fronteira” que nossa exposição busca apresentar. As violações racializadas dos direitos dos imigrantes na fronteira sul dos EUA são com certeza muito mais sérias e brutais do que as dificuldades burocráticas que um cidadão da Inglaterra possa experimentar, e estes imigrantes tem caminhos muito limitados para denunciar a violência da fronteira dos EUA.

Como eu anunciaria na palestra de hoje, esta exposição é uma ocasião para lançar uma investigação conjunta com grupos locais sobre violações em direitos humanos no centro de detenção de Homestead na Flórida, não muito longe daqui, onde crianças imigrantes tem sido mantidas naquilo que os ativistas descrevem como “condições desumanas, severas e militarizadas”.

Em nossa prática, exposições são tratadas como fóruns alternativos para prestação de contas, meios de informar o público sobre sérias violações dos direitos humanos. Principalmente, elas são também oportunidades de compartilhar com ativistas e comunidades locais os métodos e técnicas que reunimos através dos anos de trabalho de campo.