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Impressões francesas sobre intercâmbio no IAU

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As razões que levam alunos de graduação a fazer intercâmbio em uma universidade no exterior são inúmeras: aprender um novo idioma, conhecer uma nova cultura, troca de conhecimentos, melhorar o currículo, entre outras. E para as intercambistas francesas do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU/USP), Juliette da Silva, Léonie Paccard e Sorenza Dechamps, os motivos não foram diferentes.

Com um interesse genuíno pela cultura brasileira, elas chegaram ao IAU no segundo semestre de 2018, e a vinda para o interior do estado aconteceu por acaso. “Quando nos inscrevemos, o plano era estudar em São Paulo, na FAU*, mas já não tinha mais vaga para estudar lá, então, viemos para São Carlos”, relembra Léonie.

Sorenza, que, ainda na França, já havia feito uma pesquisa sobre as favelas brasileiras, pensou que ter aulas ministradas por professores brasileiros seria uma boa ideia para entender melhor sua própria pesquisa, sendo essa sua principal motivação para vir ao Brasil.

Juliette, que já é familiarizada com a língua portuguesa, graças aos pais, que são lusitanos, aproveitou a oportunidade de intercâmbio para conhecer melhor o Brasil e verificar se as expectativas que já tinha sobre o país correspondiam à realidade. “Em 2018, teve um aluno do IAU que fez intercâmbio em minha faculdade, e conversei bastante com ele, que falou muitas coisas boas sobre o Instituto e sobre São Carlos. Marseille, onde estudo, embora seja uma cidade bonita, não tem essa cultura universitária, nem a proximidade com os outros cursos. A arquitetura é um curso muito fechado na França”, conta.

Em relação às pesquisas das alunas em solo brasileiro, a curiosidade de Leonie é compreender a contradição entre a falta de moradia paulistana e o grande número de imóveis abandonados no Centro da capital. “Falta habitação para muita gente em São Paulo, com muitas famílias morando nas ruas e, ao mesmo tempo, há muitos imóveis vazios na cidade. Quero pesquisar sobre as políticas urbanas do estado e do município relacionadas a isso”, explica.

Conforme já mencionado, Sorenza tem como objeto de estudo as favelas brasileiras, focando na grande dimensão geográfica que elas atualmente ocupam no país. “Quero estudar maneiras que um arquiteto, tanto francês quanto brasileiro, pode auxiliar nisso. Também quero pesquisar como os estudantes de arquitetura do IAU são sensibilizados para essa questão”.

Diferente das colegas, a universidade de Juliette não exige que ela apresente uma pesquisa feita no IAU, mas demanda que ela entregue um relatório sobre sua experiência de intercâmbio. Mesmo assim, ela tem planos de pesquisa focados em urbanismo. “Na França, não há curso de arquitetura e urbanismo, e sim somente de arquitetura. Temos algumas matérias, mas não é um projeto. As pessoas fazem os projetos sem considerar o aspecto do urbanismo, a qualificação dos ambientes, a parte social do projeto”, explica. “Fiz um projeto de urbanismo pela primeira vez, e gostei muito. Quero voltar e fazer meu mestrado aqui. Em um dos trabalhos em grupo que fiz no IAU, relacionamos saúde pública à urbanismo, e achei esse tema bem interessante, e acho que pode dar uma boa pesquisa”.

A experiência no Brasil

Felizmente, a escolha e vinda para o interior foram uma surpresa boa na vida das francesas, e o choque de culturas foi igualmente positivo. As três são unânimes ao declararem que, no IAU, a convivência e, sobretudo, o diálogo com os alunos e, principalmente, com os professores foi muito marcante. “Se você não entendeu algo, você tem liberdade de perguntar ao professor. Isso não acontece na França”, queixa-se Sorenza.

Outra característica marcante para todas foram os trabalhos em grupo constantemente realizados no IAU. “Na França os trabalhos, normalmente, são feitos individualmente. Além disso, há muita competição e as pessoas não costumam ajudar umas às outras”, afirma Léonie. “Os estudantes aqui parecem muito menos estressados. O ambiente é muito tranquilo, inclusive para trabalhar. Graças a esse forte diálogo que temos com os professores, é possível desenvolver melhor os trabalhos, e à nossa maneira. Os professores são muito disponíveis, e nos dão muita liberdade para pesquisarmos aquilo que gostamos, e acho isso importante”, elogia.

As alunas declaram que somente quando retornarem à França é que poderão realmente refletir com calma sobre a experiência que tiveram no Instituto. Mas, pelo depoimento acima, fica fácil dizer que, certamente, um pedaço do coração das estudantes já pertence ao Brasil- e, claro, ao IAU.

Imagem- Da esquerda: Sorenza, Juliette e Léonie